Novo avanço: asas biomiméticas com sensores de tensão atingem 99% de precisão na detecção do vento

Tempo de leitura: 4 minutos
Por Alex Morales
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São PauloPesquisadores do Instituto de Ciência de Tóquio, liderados pelo Professor Associado Hiroto Tanaka, alcançaram um avanço significativo na tecnologia de detecção de vento. Inspirados no design natural das asas de pássaros e insetos, eles usaram sensores de deformação em asas flexíveis e oscilantes para detectar a direção do vento com precisão notável. Com sete medidores de deformação colocados nas asas, esse método conseguiu determinar a direção do vento com 99% de precisão. O estudo, publicado na revista Advanced Intelligent Systems, destaca o potencial de usar designs biomiméticos em sistemas de voo robóticos.

O procedimento envolveu:

Inovação na Detecção da Direção do Vento com Tecnologia Inspirada em Beija-flores

Adotando uma estrutura de asa flexível que imita as asas de beija-flores, sete sensores de deformação comerciais foram conectados a essas asas. Em seguida, as condições de voo foram simuladas em um túnel de vento com um fluxo leve a 0,8 m/s. Um modelo de rede neural convolucional (CNN) foi utilizado para classificar a direção do vento com base nos dados coletados pelos sensores.

Asas foram projetadas com eixos afilados que sustentavam a película da asa, similares às asas reais. Um motor DC acionava o movimento de batimento a 12 ciclos por segundo. Os dados de tensão coletados dessas batidas mostraram que o sistema podia identificar a direção do vento com 99,5% de precisão usando um ciclo completo de batimento.

Ciclos ainda mais curtos, como 0,2 de um ciclo, mantiveram uma precisão superior a 85%. Com apenas um medidor de tensão, a precisão continuou impressionante, variando de 95,2% a 98,8% para um ciclo completo. No entanto, a precisão caiu significativamente para períodos de dados mais curtos. A remoção de partes da asa interna reduziu a precisão, mas ocorreu em menor grau quando mais dados foram utilizados.

Pesquisa sugere que as aves podem usar métodos semelhantes para compreender o ambiente durante o voo. Essa técnica pode melhorar o design de robôs aéreos pequenos e leves, permitindo que eles percebam e respondam às condições do vento sem equipamentos pesados. Com tecnologia simples e econômica, esses robôs podem alcançar navegação e estabilidade avançadas.

Metodologia e resultados

Os pesquisadores do Instituto de Ciência de Tóquio desenvolveram um método inovador para detectar a direção do vento utilizando asas flexíveis que batem. Inspirando-se em pássaros e insetos, que possuem sensores naturais de deformação nas asas, eles empregaram sete medidores de tensão em asas artificiais, conectados a um modelo de rede neural. Assim foi o processo que eles seguiram:

  • Instalaram tensômetros em asas flexíveis que imitam beija-flores.
  • Utilizaram um túnel de vento para simular condições de vento suave.
  • Testaram ângulos de vento variados, de zero a noventa graus, além de uma configuração sem vento.
  • Coletaram dados de tensão das asas e os analisaram usando uma rede neural convolucional.

Resultados Destacam Precisão na Detecção do Vento

Os resultados revelaram uma precisão impressionante. Com um ciclo completo de dados de batimento das asas, alcançaram 99,5% de acurácia na detecção da direção do vento. Mesmo com apenas 0,2 ciclos, a precisão se manteve robusta em 85,2%. Esses achados indicam que a detecção do vento em tempo real é viável mesmo com dados mínimos. Eles também utilizaram um mecanismo de manivela de Scotch yoke para controlar o batimento das asas.

O teste revelou que as estruturas internas das asas ajudam a melhorar o desempenho dos sensores. Quando estas foram removidas, a precisão caiu ligeiramente. Isso indica que o design das asas desempenha um papel importante nas capacidades de detecção. No geral, o estudo mostra que simples medidores de tensão podem substituir, em potencial, sensores volumosos em pequenos robôs voadores. Esse é um avanço significativo, já que sensores tradicionais costumam ser pesados ou grandes demais para essas aplicações.

Pesquisa destaca como asas projetadas podem imitar a habilidade natural dos pássaros de detectar o vento. Isso melhora o voo dos robôs em diversas condições de vento, tornando-os mais adaptáveis e eficientes. Os métodos utilizados são tanto econômicos quanto viáveis para aplicações robóticas no mundo real. As descobertas podem abrir caminho para sistemas de controle avançados em drones de asas vibratórias.

Implicações para a robótica

Asas batendo biomiméticas com sensores de deformação integrados têm um impacto significativo no futuro da robótica. Essa tecnologia abre novas possibilidades para o desenvolvimento de robôs aéreos mais eficientes e adaptáveis. As principais vantagens da implementação desses métodos inovadores de detecção de vento incluem:

  • Maior precisão no controle de voo
  • Menor necessidade de sensores e eletrônicos volumosos
  • Melhor adaptação às condições ambientais em mudança

A incorporação de sensores de deformação em asas flexíveis que imitam as de pássaros e insetos representa uma mudança na maneira como concebemos os designs robóticos. Ao entender e imitar os mecanismos da natureza, os engenheiros podem resolver problemas de peso e complexidade que dificultavam o desenvolvimento de pequenos robôs aéreos. Essa abordagem permite que os robôs percebam diretamente as condições do vento sem equipamentos adicionais, reduzindo peso—fundamental para manter a eficiência de voo.

Robôs com asas avançadas poderiam, por exemplo, navegar em ambientes urbanos com mais facilidade, adaptando-se a mudanças inesperadas nos padrões de vento. A precisão na detecção da direção do vento pode ajudar drones a manter trajetórias de voo estáveis, o que é crucial para serviços de entrega e operações de busca e resgate. Além disso, a capacidade de avaliar e responder rapidamente às mudanças de fluxo de ar pode aumentar a vida útil da bateria ao otimizar o uso de energia durante o voo.

Versatilidade dos Drones com Asas Biomiméticas

A adaptabilidade mostrada no estudo indica aplicações práticas além da navegação. As asas biomiméticas podem ser valiosas em drones de monitoramento e coleta de dados ambientais. Esses pequenos robôs, ao compreenderem melhor seu ambiente através da detecção de tensão nas asas, podem se tornar mais autônomos e demandar menos intervenção humana. Isso também aumentaria sua eficácia em tarefas como avaliar a qualidade do ar ou acompanhar a migração de animais selvagens.

Integrar sensores de deformação em asas que imitam o movimento natural pode revolucionar a robótica. Isso proporciona uma forma mais natural e eficiente de detectar o vento com precisão e abre caminho para o desenvolvimento de robôs aéreos mais inteligentes, leves e responsivos.

O estudo é publicado aqui:

https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/aisy.202400473

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Kenta Kubota, Hiroto Tanaka. Machine Learning‐Based Wind Classification by Wing Deformation in Biomimetic Flapping Robots: Biomimetic Flexible Structures Improve Wind Sensing. Advanced Intelligent Systems, 2024; DOI: 10.1002/aisy.202400473

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